terça-feira, 24 de julho de 2012

Verdade - Drummond

"A explosão da verdade gera tanta poeira, que, por amor à limpeza, buscamos evitá-la."

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Ser mãe é padecer num paraíso

SER MÃE

Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
O coração! Ser mãe é ter no alheio
Lábio, que suga, o pedestal do seio,
Onde a vida, onde o amor cantando vibra.

Ser mãe é ser um anjo que se libra
Sobre um berço dormido; é ser anseio,
É ser temeridade, é ser receio,
É ser força que os males equilibra!

Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
Espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!

Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!
 
____________________________
 
Henrique Maximiano Coelho Neto (Caxias MA 1864-1934)
 
Mais conhecido como romancista (muito popular no seu tempo e hoje praticamente esquecido), tem porém um dos mais famosos sonetos da língua portuguesa — "Ser mãe", tão citado e parodiado que até o tropicalista Torquato Neto lhe fez alusão na letra de "Mamãe Coragem" (comovente interpretação de Gal no disco TROPICÁLIA): "Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração... dos filhos".
 
 

sábado, 3 de março de 2012

Luciana

http://letras.terra.com.br/evinha/451388/

Manhã no peito
De um cantor
Cansado de esperar só
Foi tanto tempo

Que nem sei
Das tardes tão vazias
Por onde andei

Luciana, Luciana
Sorriso de menina
Dos olhos do mar

Luciana, Luciana
Abraçe essa cantiga
Por onde passar

Nasceu na paz de
Um beija-flor em
Verso e voz de amor
Ja disponda aos

Olhos da manhã
Pedaços de uma vida
Que abriu sem flor

Luciana, Luciana
Sorriso de menina
Dos olhos de mar

Luciana, Luciana
Abraçe essa cantiga
Por onde passar


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Graciliano Ramos - Lavadeiras de Alagoas e Como Redigir bem

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."              
 
(Graciliano Ramos)