sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Direito e a Vida - Pontes de Miranda

"O Direito serve à vida: é regramento da vida. É criado por ela e, de certo modo, a cria."

Pontes de Miranda

Os políticos e as fraldas - Eça de Queiroz

"Os políticos e as fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo."


Eça de Queiroz

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Superdiretores - Peter F. Drucker

"No institution can possibly survive if it needs geniuses or supermen to manage it. It must be organized in such a way as to be able to get along under a leadership composed of average human beings."

Peter F. Drucker

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sobre a Vírgula

Sobre a Vírgula


Muito bonita a campanha dos 100 anos da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa).

Vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere..

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode criar heróis..
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

A vírgula pode condenar ou salvar.
Não tenha clemência!
Não, tenha clemência!

Uma vírgula muda tudo.
ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais:
COLOQUE UMA VÍRGULA NA SEGUINTE FRASE:
SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.



* Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER...
* Se você for homem, colocou a vírgula depois de TEM...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Custas Processuais

Fábula de Natán* e a Marcenaria

* Ver A Ordem Econômica na CF/88 (Eros Roberto Grau) - p. 18.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Juiz de Paz

Interessante. No Migalhas de hoje:

Baú migalheiro

Há 183 anos, no dia 15 de outubro de 1827, por lei desta data foram criados os juízes de paz, eleitos pelo mesmo tempo e maneira por que se elegiam os vereadores, instituição cujas raízes mais profundas se encontram na Ord. liv. 3º, tít. 20, § 1º, que recomendava ao juiz, nos feitos cíveis, "reduzirem as partes à concórdia não é de necessidade, mas somente de necessidade nos casos em que o bem poderem fazer". Eram suas principais atribuições : conciliar as partes, que pretendem demandar, por todos os meios pacíficos que estivessem ao seu alcance ; julgar pequenas demandas, cujo valor não excedesse a 16$000 ; fazer separar os ajuntamentos, em que houvesse manifesto perigo de desordem, ou fazer vigiá-los ; fazer pôr em custódia o bêbado, durante a bebedice ; evitar as rixas, fazer que não houvesse vadios, nem mendigos, obrigando-os a viver de honesto trabalho, e corrigir os bêbados por vício, turbulentos e meretrizes escandalosas que perturbem o sossego público, obrigando-os a assinar termo de bem viver ; fazer destruir os quilombos ; informar ao juiz de órfãos acerca do menor, ou desassisado [sem juízo], a quem falecer o pai, ou que se achar abandonado ; vigiar sobre a conservação das matas, e florestas públicas, onde as houvesse, e obstar as particulares ao corte de madeiras reservadas por lei ; dividir o distrito em quarteirões, que não conteriam mais de 25 fogos [residências].

domingo, 10 de outubro de 2010

Flaubert

Creo que si miráramos siempre al cielo, acabaríamos teniendo alas. (Flaubert).

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Eduardo Galeano - entrevista http://www.lpm-editores.com.br/

As únicas palavras que devem ser faladas são as melhores que o silêncio.

Grandote diferente de grandioso. Às vezes coisas pequenas são grandiosas (fragmentos da realidade - limpar as teias de aranhas que nos cegam).

Leitura das paredes:

No Uruguai:
"nos mijam e dizem que chove"
"as virgens tem muitos natais mas nenhuma noite boa"

Simón Rodriguez (el 'loco Rodriguez'), mestre de Simón Bolívar:

"ensinar é ensinar a perguntar". o melhor da classe é o que pergunta "por que?"
para os donos do poder que copiam os europeus e americanos: por que não copiam a originalidade?
"eu quis fazer a terra um paraíso para todos e converti num inferno para mim"

Entusiasmo - do grego: ter os deuses dentro




segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Todo Dia Era Dia de Índio

Todo Dia Era Dia de Índio

Baby do Brasil

Composição: Jorge Ben

Curumim,chama Cunhatã
Que eu vou contar

Curumim,chama Cunhatã
Que eu vou contar

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Curumim,Cunhatã
Cunhatã,Curumim

Antes que o homem aqui chegasse
Às Terras Brasileiras
Eram habitadas e amadas
Por mais de 3 milhões de índios
Proprietários felizes
Da Terra Brasilis

Pois todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril

Mas agora eles só tem
O dia 19 de Abril

Amantes da natureza
Eles são incapazes
Com certeza
De maltratar uma fêmea
Ou de poluir o rio e o mar

Preservando o equilíbrio ecológico
Da terra,fauna e flora

Pois em sua glória,o índio
É o exemplo puro e perfeito
Próximo da harmonia
Da fraternidade e da alegria

Da alegria de viver!
Da alegria de viver!

E no entanto,hoje
O seu canto triste
É o lamento de uma raça que já foi muito feliz
Pois antigamente

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Curumim,Cunhatã
Cunhatã,Curumim

Terêrê,oh yeah!
Terêreê,oh!

Fonte: http://letras.terra.com.br/baby-do-brasil/365271/

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=v5e2WLxerCQ


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Notas de um marciano - ROBERTO DaMATTA

Notas de um marciano - ROBERTO DaMATTA

Cheguei ontem à região tropical da Terra. Curiosamente, o planeta é recortado num conjunto do que eles chamam de países: agrupamentos com histórias ridiculamente parecidas, encapsulados por territórios vistos como autônomos, dotados de leis próprias e norteados por um dogma chamado de soberania. Diferentemente de nós que nos sabemos ligados a todos os seres vivos e a todo o universo, pois nele estamos e a ele retornamos depois dos nossos bem vividos 500 anos com vida sexual plena e ativa, eles têm uma aguda consciência do diferente. Embora vizinhos e separados por marcos arbitrários, eles vivem como se fossem estrangeiros. Estão convencidos que são compartimentos coletivos singulares, capazes de praticar e fazer o que quiserem, mas sabem que são parte de um conjunto maior, conforme é claro ao nosso olhar marcianamente distanciado.

O resultado desta concepção individualista é o constante confronto com o bem-estar geral e coletivo; e um conjunto de dualidades que tem sido a tônica de sua visão de mundo. Pois, para eles, tudo se reduz a oposições do tipo real/ideal, nós/eles, humanidade/animalidade, vida/morte, pobres/ricos...
quando — na verdade — sabemos que, quanto mais um lado engloba e recalca o outro, mais esse outro lado retorna assombrosamente fortalecido.

Engolfados nessas oposições, os terráqueos tudo pressentem, mas nada podem fazer porque não têm como desmontar o seu sistema e a si mesmos de um golpe. É possível que venham a liquidarse. De fato, os países que chamam de “mais adiantados” e que consideram superiores são os que mais poluem e destroem e, não obstante, são os que mais exportam o seu modelo de exploração do planeta. Mesmo agora, quando uma consciência planetária os atingiu, eles continuam imitando esse modelo que tem como base uma suposta ilimitada riqueza do que enganadoramente chamam de “natureza”.

Ademais, começam igualmente a descobrir que tudo tem relação com tudo, pois deles é uma coisa única e milagrosa: o seu planeta é vivo. Nele, conforme observamos há milênios com a nossa marciana inveja, tudo tem um ciclo e esses ciclos vitais se entrelaçam em circuitos complexos, de modo que há sempre um jogo milagroso e comovente entre a vida e a morte.
Ao chegar num país em forma de presunto, chamado Brasil, observo que estão em tempos eleitorais. Curioso que nem o presidente desta república tenta agir como árbitro, muito pelo contrário, sua visão é primariamente partidária, apaixonada e totalmente centrada no desejo de vencer a eleição a qualquer preço. O que ele aceita na vida (perder e ganhar) ele não aceita na Presidência. Li sua furiosa entrevista no meu computador telepático e fiquei estarrecido porque ele fala do papel dos jornais no Brasil, mas todo mundo sabe que ele próprio não lê. Pior: diz que tem azia quando lê algum jornal. Dei um giro pelo país e constatei que, mesmo tendo proclamado uma república em 1889, os brasileiros ainda não têm noção do que seja uma sociedade democrática.

Pois confundem individualismo com egoísmo, e egoísmo com altruísmo.
Assim, fazem suas falcatruas em nome do que chamam de “povo”; e mesmo tendo uma visão partidária exclusiva e um tanto fascistoide, a faceta pessoal de suas vidas — seus laços com parentes e amigos — está sempre pronta a vir à tona nas situações nas quais bens coletivos estejam em jogo.

Por isso, os brasileiros adoram “coisas públicas”, espaços públicos e, acima de tudo, dinheiro público, que para eles pode ser apropriado como se não fosse de ninguém. Como tiveram escravos até um ano antes de proclamarem a república, tudo o que é público é da elite política. O processo eleitoral mostra isso claramente, pois os candidatos não apresentam programas, mas rezam ladainhas e repetem fórmulas mágicas denominadas “promessas eleitorais”.

Meros engodos para que o candidato seja eleito. Na realidade, hoje em dia eles não têm representantes, mas mediadores — ou padrinhos. Candidatos cuja distinção (como a dos santos) é o acesso que teriam ao presidente, tomado como um Deus nesta terra cheia de papagaios da espécie galvão.
Quando estava de partida, assisti a um evento notável. Uma reunião de sua Corte Suprema discutindo um projeto de lei que existe em toda e qualquer sociedade civilizada. Trata-se de uma regra que impediria ladrões e corruptos de serem candidatos a cargos públicos e usarem a legislação nacional que lhes permite escapar de tudo em nome de imunidade política definida com má-fé.

Fiquei alarmado porque, mesmo diante da obviedade da causa, os magistrados se dividiram. Metade apoiava a lei; uma outra, arguia filigranas legais contra ela.

Discutiram por mais de dez horas. Não conseguiram decidir. Repetiram, reiteraram e reafirmaram o que foi chamado de “dilema brasileiro” por um tal de DaMatta, dos mais medíocres estudiosos locais. Aquela indecisão estrutural constitutiva do Brasil que até hoje o faz oscilar entre seguir o caminho da igualdade ou o da aristocracia e da desigualdade.
A via habitual que garante aos superiores não cumprir as leis. Devo ainda chamar atenção para...

[A essa altura, leitor, eu perdi a comunicação mediúnica com o espírito desse marciano. Sinto muito, mas aqui fico com a depressão e a indignação de um velho brasileiro


Fonte:

sábado, 4 de setembro de 2010

Mudança interior para mudar o mundo (Boaventura de Sousa Santos)


Boaventura de Sousa Santos:
Obrigado por me dar a oportunidade de fazê-lo, porque eu penso que estas transformações pelas quais nós lutamos, elas têm que passar por essa transformação interior. Eu costumo dizer que não faz nenhum sentido criarmos mapas emancipatórios se não tivermos viajantes que os vão ler, que os vão usar. E, exatamente, a subjetividade da modernidade pouco a pouco desinteressou-se da emancipação, porque a própria criação da subjetividade é inconformista, rebelde, digamos assim. Ela foi, de alguma maneira, através de muitos sistemas, desde a sociedade de consumo, do sistema educativo e outros grandes instrumentos da modernidade, esse inconformismo que passou pela banalização do horror e da violência que nós assistimos todos os dias nos próprios meios de comunicação social - ou "nos mídia", como dizeis aqui... É evidente que o que nós temos realmente, hoje, como grande tarefa, penso eu, é criar outra vez o inconformismo. É muito importante que não nos deixemos banalizar. Portanto, há um aspecto de pedagogia muito forte. Aliás, um dos atrativos de Fórum, e a razão por que ele produz esse encantamento, é porque ele é uma maciça manifestação de pedagogia, onde todos aprendem sem que ninguém ensine. E exatamente isso - que vem até da melhor tradição do Paulo Freire [(1921-1997), grande educador brasileiro, que se preocupava com uma educação conscientizadora e libertadora] - é uma pedagogia nova, é onde muitas pessoas... Por exemplo, até com uma pequena idéia simples - por exemplo, se nós, ao invés de construirmos um submarino, dedicássemos aquele dinheiro do submarino, quantas casas de habitação social poderíamos construir na América Latina? E as pessoas ficam absolutamente espantadas. É esta pedagogia, digamos assim, que tem que ser feita e essa, sim, que vai criar as tais subjetividades que se movem por causas e não por interesses. Veja que, mesmo quando se [...] todas as sociedades que lutaram pelas grandes transformações sociais... Houve realmente, por vezes, muita divisão de fracionalismo e etc. Por quê? Porque essas forças lutavam por causas e não apenas por interesses. A direita sempre se moveu por interesses e por isso é que é mais fácil ela pôr-se de acordo do que a esquerda, digamos assim. Ora, é no mundo dos princípios que nós hoje devemos pôr as nossas complacências. Sobretudo, por quê? Porque os princípios não têm fim, ou seja, são princípios que nós, durante muito tempo, na modernidade ocidental, pensamos que eram esses os únicos que existiam e esses eram os únicos valores; e, de fato, nos equivocamos completamente. Com base nesses princípios universais muita gente foi liqüidada, muitos dos povos indígenas foram liqüidados. Ora, hoje há, por um lado, um apelo a esses princípios, que são, no fundo, aqueles que podem mover a partir de dentro das pessoas, por ter que haver uma relação. E eu tenho discutido isso muito com militantes e com meu próprio trabalho dos direitos humanos: é que não basta ter uma teoria dos direitos humanos, ela tem que ser uma relação que começa aqui dentro do nosso corpo, para que a pessoa possa sujeitar-se aos riscos que normalmente essas lutas envolvem. Eu terminei recentemente um projeto na Colômbia e durante quatro anos estive a fazer esse projeto, pois entre cinco e dez - por não sabermos todos os casos - dos meus melhores amigos foram assassinados, eram lutadores ativistas dos direitos humanos. Portanto, a subjetividade tem que ser mudada a partir de dentro. Mas como é que se cria essa subjetividade? Não pode ser à imagem e semelhança do Ocidente. Porque, veja, porque nós, a idéia de pessoa... mesmo a Igreja, muitas vezes, deixou que a pessoa fosse absorvida e canibalizada pela idéia do individualismo. Não pode ser. E é até uma grande lição dos gandhianos [relacionados com as idéias do Mahatma Gandhi (1869-1948), idealizador do moderno Estado indiano e que pregou a pressão por mudanças políticas de formas não-violentas]:

a grande lição das culturas orientais é exatamente que a pessoa tem não só direitos, mas também deveres. Ela está em harmonia ou em desarmonia, não apenas consigo, mas com seus antepassados, com a sua família, com o cosmos e é essa visão que nos pode dar, digamos assim, um outro interesse no mundo. Porque só quando o que acontece no mundo, essa desigualdade social [de] que falava, for algo que nos diz respeito - porque nós somos também vítimas dessa desigualdade e não podemos ser parasitas dela -, só nesse momento é que nós podemos ter essa transformação. E daí que tem toda a razão e nós temos que encontrar formas de pedagogia onde se treine as subjetividades rebeldes, as subjetividades inconformistas. O Fórum é uma delas, muitas outras terão que ser criadas.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Contradições do Brasil

"NO FUTEBOL, O BRASIL FICOU ENTRE OS 8 MELHORES DO MUNDO E TODOS ESTÃO TRISTES. NA EDUCAÇÃO É O 85º E NINGUÉM RECLAMA."

Senador Cristóvam Buarque

quarta-feira, 30 de junho de 2010

RES: Há falta de oxigênio e sol dentro do mundo jurídico - Alfredo Augusto Becker

Tenho esse livro dele.

Quando li, gostei.

O texto ora enviado é bem interessante.

Evandro

 

Lourenço, Advogados Associados

Avenida Almirante Barroso, 91 grupo 613-620

Centro  -  Rio de Janeiro - RJ  -  20031-916

Tel: 2524-0505   -   Fax: 2544-0495

 

O sigilo desta mensagem é protegido por lei. Se você a recebeu por engano, queira apagá-la e informar-nos por e-mail endereçado ao remetente.

The confidentiality of this message is protected by law. If you have received it in error, please delete it and inform us by e-mail addressed to its sender.

 

 

De: Alvaro Lourenço [mailto:alvaro.lourenco@gmail.com]
Enviada em: terça-feira, 29 de junho de 2010 13:46
Para: Evandro; Angela; daniel@lourenco.adv.br; alvaro.lourenco.tchila@blogger.com
Assunto: Há falta de oxigênio e sol dentro do mundo jurídico - Alfredo Augusto Becker

 

"Há falta de oxigênio e sol
dentro do mundo jurídico.
O direito não amanhece.
Não chove.
Dentro do direito não transitam nuvens
e nem sopram ventos.
As entidades do mundo jurídico não têm carne
e nem temperatura.
Jamais foi escutado canto de pássaro
dentro do Código Florestal
ou vislumbrado peixe no Código das Águas.
Da lei brotam artigos, parágrafos, alíneas, remissões.
Sequer uma flor ou ramo verde.
A vida do animal humano é muito curta
e eu só tenho uma.
Entre o direito e a abóbora
eu optei pela abóbora."

Alfredo Augusto Becker,
in "Carnaval Tributário

terça-feira, 29 de junho de 2010

Há falta de oxigênio e sol dentro do mundo jurídico - Alfredo Augusto Becker

"Há falta de oxigênio e sol
dentro do mundo jurídico.
O direito não amanhece.
Não chove.
Dentro do direito não transitam nuvens
e nem sopram ventos.
As entidades do mundo jurídico não têm carne
e nem temperatura.
Jamais foi escutado canto de pássaro
dentro do Código Florestal
ou vislumbrado peixe no Código das Águas.
Da lei brotam artigos, parágrafos, alíneas, remissões.
Sequer uma flor ou ramo verde.
A vida do animal humano é muito curta
e eu só tenho uma.
Entre o direito e a abóbora
eu optei pela abóbora."

Alfredo Augusto Becker,
in "Carnaval Tributário

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Paradoxo do Nosso Tempo - George Carlin

O Paradoxo do Nosso Tempo

Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos freqüentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar 'delete'.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão por aqui para sempre. Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.

George Carlin

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Goffredo Telles Jr.

"Na Faculdade, aprendi a amar o Direito. Passei a amar o Direito, como quem ama a liberdade e a justiça. Desde o momento em que iniciei meu curso de Direito, e durante toda a vida, até agora, a Faculdade tem sido o prolongamento de minha casa. Meu tempo de aluno passou como a manhã de sol de um só dia. Mas meu tempo de estudante dura até hoje."

Goffredo Telles Jr.

Fonte: www.migalhas.com.br (17 de maio de 2010)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Francisco Otaviano - Ilusões da Vida

Ilusões da Vida

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Rainer Maria Rilke vs Freud

The poet Rainer Maria Rilke dropped out of therapy after only a few analytic sessions, fearing, "If my devils leave me, my angels will too."

http://talentdevelop.com/interviews/psychcreat.html

Manifesto Verde - Cataguases

“RESUMINDO

1.º Trabalhamos independentemente de qualquer outro grupo literário.

2.º Temos perfeitamente focalizada a linha divisória que nos separa dos demais modernistas brasileiros e estrangeiros.

3.º Nossos processos literários são perfeitamente definidos.

4.º Somos objetivistas, embora diversíssimos uns dos outros.

5.º Não temos ligação de espécie nenhuma com o estilo e o modo literário de outras rodas.

6.º Queremos deixar bem frisada a nossa independência no sentido “escolástico”.

7.º Não damos a mínima importância à crítica dos que não nos compreendem”.

"Um poema de Enrique de Resende, maior expoente do grupo:

Da Felicidade
Estes tratados defilosofia
Hão de pouco valer-te, meu amigo.
Enganador é omundo... Na verdade,
Feliz é o que, semeando o próprio trigo,
Confia noouro de futuras messes.
Na vã procura da felicidade,
Constrói, tu próprio, um a filosofia
Diferentes das outras que conheces....

Fonte:
http://banquetedosmendigos.blogspot.com/2009/03/o-grupo-verde-de-cataguases.html

Para uma cópia histórica do manifesto:
http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/06001470

sexta-feira, 16 de abril de 2010

carpe diem

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.

Tu não procures - não é lícito saber - qual sorte a mim qual a ti
os deuses tenham dado, Leuconoe, e as cabalas babiloneses
não investigues. Quão melhor é viver aquilo que será,
sejam muitos os invernos que Júpiter te atribuiu,
ou seja o último este, que contra a rocha extenua
o Tirreno: sê sábia, filtra o vinho e encurta a esperança,
pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido
ávido o tempo: Colhe o instante, sem confiar no amanhã.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Carpe_diem

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sobre livros e leitura, Arthur Schopenhauer

Quando lemos, outra pessoa pensa por nós: só repetimos seu processo mental. Trata-se de um caso semelhante ao do aluno que, ao aprender a escrever, traça com a pena as linhas que o professor fez com o lápis. Portanto, o trabalho de pensar nos é, em grande parte, negado quando lemos. Daí o alívio que sentimos quando passamos da ocupação com nossos próprios pensamentos à leitura.

Durante a leitura nossa cabeça é apenas o campo de batalha de pensamentos alheios. Quando estes, finalmente, se retiram, que resta? Daí se segue que aquele que lê muito e quase o dia inteiro, e que nos intervalos se entretém com passatempos triviais, perde, paulatinamente, a capacidade de pensar por conta própria, como quem sempre anda a cavalo acaba esquecendo como se anda a pé.

Este, no entanto, é o caso de muitos eruditos: leram até ficar estúpidos. Porque a leitura contínua, retomada a todo instante, paralisa o espírito ainda mais que um trabalho manual contínuo, já que neste ainda é possível estar absorto nos próprios pensamentos.

Assim como uma mola acaba perdendo sua elasticidade pelo peso contínuo de um corpo estranho, o mesmo acontece com o espírito pela imposição ininterrupta de pensamentos alheios. E assim como o estômago se estraga pelo excesso de alimentação e, desta maneira prejudica o corpo todo, do mesmo modo pode-se também, por excesso de alimentação do espírito, abarrotá-lo e sufocá-lo.

Porque quanto mais lemos menos rastro deixa no espírito o que lemos: é como um quadro negro, no qual muitas coisas foram escritas umas sobre as outras. Assim, não se chega à ruminação [em nota: "Na prática, o fluxo contínuo e forte de novas leituras só serve para acelerar o esquecimento do já lido."]: e só com ela é que nos apropriamos do que lemos, da mesma forma que a comida não nos nutre pelo comer mas pela digestão.

Se lemos continuamente sem pensar depois no que foi lido, a coisa não se enraíza e a maioria se perde. Em geral não acontece com a alimentação do espírito outra coisa que com a do corpo: nem a qüinquagésima parte do que se come é assimilado, o resto desaparece pela evaporação, pela respiração ou de outro modo.

Acrescente-se a tudo isso que os pensamentos postos no papel nada mais são que pegadas de um caminhante na areia: vemos o caminho que percorreu, mas para sabermos o que ele viu nesse caminho, precisamos usar nossos próprios olhos.

...
É por isso que, no que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Esta arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público, o tempo todo, com panfletos políticos ou literários, romances, poemas, etc., que fazem tanto barulho durante algum tempo, atingindo mesmo várias edições no seu primeiro e último ano de vida: deve-se pensar, ao contrário, que quem escreve para palhaços sempre encontra um grande público e consagre-se o tempo sempre muito reduzido de leitura unicamente às obras dos grandes espíritos de todos os tempos e de todos os países, que se destacam do resto da humanidade e que a voz da fama identifica. Só eles educam e ensinam realmente.

Os ruins nunca lemos de menos e os bons nunca relemos demais. Os livros ruins são veneno intelectual: eles estragam o espírito.

Para ler o bom uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos.

Arthur Schopenhauer, Sobre livros e leitura. Über lesen und bücher. Ed. bilíngüe. Trad. de Philippe Humblé e Walter Carlos Costa. Florianópolis: Paraula, 1994, p. 17-19-21; 33 e 35.

Fonte: http://ler-e-escrever.blogspot.com/2007/04/sobre-livros-e-leitura-arthur.html


Ainda sobre o tema:
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u616.jhtm

"Combateu com toda a alma os regimes totalitários e condenou-os em seus livros "Eichmann em Jerusalém" e "As origens do totalitarismo". No primeiro, estuda a personalidade medíocre de Adolf Eichmann, formulando o conceito da "banalidade do mal". Em seus depoimentos, Eichmann disse que cumpria ordens e considerava desonesto não executar o trabalho que lhe foi dado, no caso, exterminar os judeus.

Hannah concluiu que ele dizia a verdade: não se tratava de um malvado ou de um paranóico, mas de um homem comum, incapaz de pensar por si próprio, como a maior parte das pessoas. Essa afirmação é um eco da frase do filósofo e matemático francês Pascal (1623-1662) "Nada é mais difícil que pensar".

sábado, 27 de março de 2010

Bobbio - virtude dos cidadãos

"O fundamento de uma boa república, mais até do que as boas leis, é a virtude dos cidadãos"

sábado, 13 de março de 2010

Fwd: Einstein e a forca dos juros compostos

A forca mais poderosa do universo e' a dos juros compostos.

The most powerful force in the universe is compound interest.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O penoso trabalho de verificar - Eça de Queiroz

Todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente, do penoso trabalho de verificar. É com impressões fluidas que formamos as nossas maciças conclusões. Para julgar em Política o facto mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento. Para apreciar em Literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encadeou—apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Principalmente para condenar, a nossa ligeireza é fulminante. Com que soberana facilidade declaramos—«Este é uma besta! Aquele é um maroto!» Para proclamar—«É um génio!» ou «É um santo!» oferecemos uma resistência mais considerada. Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz dum céu de maio nos inclinam à benevolência, também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa ou a auréola, e aí empurramos para a popularidade um maganão enfeitado de louros ou nimbado de raios. Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas. Não há acção individual ou colectiva, personalidade ou obra humana, sobre que não estejamos prontos a promulgar rotundamente uma opinião bojuda E a opinião tem sempre, e apenas, por base aquele pequenino lado do facto, do homem, da obra, que perpassou num relance ante os nossos olhos escorregadios e fortuitos. Por um gesto julgamos um carácter; por um carácter avaliamos um povo.

Eça de Queirós, 'A Correspondência de Fradique Mendes'

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Balada Do Louco - Os Mutantes

Balada Do Louco

Os Mutantes

Composição: Arnaldo Baptista / Rita Lee

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu

Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz

Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz


Fonte: http://letras.terra.com.br/mutantes/47541/


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fita Branca

“Não ficaria feliz se esse filme fosse visto como um filme sobre um problema alemão, sobre o nazismo. Este é um exemplo, mas significa mais que isso. É um filme sobre as raízes do mal. É sobre um grupo de crianças, que são doutrinadas com alguns ideais e se tornam juízes dos outros – justamente daqueles que empurraram aquela ideologia goela abaixo deles.

Se você constrói uma idéia de uma forma absoluta, ela vira uma ideologia. E isso ajuda àqueles que não têm possibilidade alguma de se defender de seguir essa ideologia como uma forma de escapar da própria miséria. E este não é um problema só do fascismo da direita. Também vale para o fascismo da esquerda e para o fascismo religioso.

Você poderia fazer o mesmo filme – de uma forma totalmente diferente, é claro – sobre os islâmicos de hoje. Sempre há alguém em uma situação de grande aflição que vê a oportunidade, através da ideologia, para se vingar, se livrar do sofrimento e consertar a vida. Em nome de uma idéia bonita você pode virar um assassino.”

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/mauriciostycer/2009/10/24/as-raizes-do-mal-haneke-explica-%E2%80%9Ca-fita-branca%E2%80%9D/

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O silêncio dos bons (Martin Luther King)

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”

(sem fonte)

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"Letter from a Birmingham Jail [King, Jr.]"

I had also hoped that the white moderate would reject the myth concerning time in relation to the struggle for freedom. I have just received a letter from a white brother in Texas. He writes: "All Christians know that the colored people will receive equal rights eventually, but it is possible that you are in too great a religious hurry. It has taken Christianity almost two thousand years to accomplish what it has. The teachings of Christ take time to come to earth." Such an attitude stems from a tragic misconception of time, from the strangely irrational notion that there is something in the very flow of time that will inevitably cure all ills. Actually, time itself is neutral; it can be used either destructively or constructively. More and more I feel that the people of ill will have used time much more effectively than have the people of good will. We will have to repent in this generation not merely for the hateful words and actions of the bad people but for the appalling silence of the good people. Human progress never rolls in on wheels of inevitability; it comes through the tireless efforts of men willing to be co workers with God, and without this hard work, time itself becomes an ally of the forces of social stagnation. We must use time creatively, in the knowledge that the time is always ripe to do right. Now is the time to make real the promise of democracy and transform our pending national elegy into a creative psalm of brotherhood. Now is the time to lift our national policy from the quicksand of racial injustice to the solid rock of human dignity.


Fonte:

Canção do Tamoio - Gonçalves Dias - Viver é lutar!

Canção do Tamoio

(Natalícia)

I

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

II

Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.

III

O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!

IV

Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!

V

E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.

VI

Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
Dimigos transidos
Por vil comoção;
E tremam douvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.

VII

E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.

X

As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.

Fonte: